Em uma sessão solene realizada nesta quarta-feira (2) na Câmara dos Deputados, em Brasília, parlamentares, especialistas e representantes da sociedade civil destacaram a urgência de políticas públicas efetivas para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O evento, em alusão ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo, foi marcado por discursos emocionados, denúncias de capacitismo e cobranças por inclusão real.
O deputado Amom Mandel (Cidadania-AM), primeiro parlamentar autista eleito com diagnóstico público de TEA, presidiu parte da cerimônia e relatou ataques pessoais sofridos durante o evento. “É inaceitável que, justamente hoje, meu diagnóstico seja questionado. Minha luta é para que todos tenham acesso à dignidade que meu tio autista não teve”, declarou, emocionado.
Legislação e desafios
Amom destacou projetos de sua autoria, como a Carteira Nacional de Identificação da Pessoa com Deficiência, que busca facilitar o acesso a serviços públicos. Já a deputada Silvye Alves (União Brasil-GO) criticou o uso político da causa: “Não podemos usar símbolos do autismo apenas por votos. A inclusão exige ações concretas”.
O deputado Cathedral Lopes (PSD-RR) apresentou propostas para incluir diagnósticos tardios de TEA em adultos na Política Nacional de Proteção da Pessoa com Deficiência e denunciou casos de violência, como o assassinato de um adolescente autista vítima de bullying. “Inclusão não é favor, é direito”, reforçou.
Representatividade e avanços
A diretora do Instituto Autismo na Amazônia, Ana Maria Silva, agradeceu a atuação de Amom e cobrou a derrubada do veto ao projeto que reconhece diabéticos tipo 1 como pessoas com deficiência. Participantes também reforçaram a necessidade de investimentos em educação especializada e saúde multidisciplinar.
A sessão encerrou com compromissos de ampliar direitos e combater a discriminação, destacando a importância da escuta ativa da comunidade autista.
