A Amazônia, região crucial para o equilíbrio ambiental global, apresenta um cenário complexo na área de influência da rodovia BR-319. A quarta edição da Retrospectiva 2024: Desmatamento e focos de calor na área de influência da rodovia BR-319, publicada pelo Observatório BR-319, revela avanços na redução do desmatamento, mas alerta para o aumento preocupante dos focos de calor, que ameaçam a floresta e as populações locais.
O estudo, que analisa dados de 2010 a 2024, destaca uma queda significativa no desmatamento na Amazônia Legal em 2024, com uma redução de 11,08% em relação a 2023, totalizando 358.503 hectares desmatados. No Amazonas, o desmatamento caiu para 72.876 hectares, enquanto Rondônia registrou 20.976 hectares, uma redução de 34,5%.
No entanto, os focos de calor apresentaram um aumento alarmante. Em setembro de 2024, foram registrados 41.463 focos na Amazônia Legal, um crescimento de 24,7% em relação ao ano anterior. Municípios como Porto Velho (RO) e Áreas Protegidas, como a Floresta Nacional do Bom Futuro e o Parque Nacional dos Campos Amazônicos, foram os mais impactados, com aumentos de 81,3% e 157%, respectivamente.
Heitor Paulo Pinheiro, especialista em geoprocessamento do Idesam, responsável pelos dados, avalia que a situação exige ações urgentes. “Melhorar a fiscalização é fundamental para pensar em pavimentação da BR-319. Os dados mostram que, embora o desmatamento esteja sendo contido, os focos de calor ainda representam um grande desafio”, afirma.
A seca extrema que atinge a região desde 2023 agrava o cenário, aumentando os riscos de incêndios florestais, comprometendo recursos hídricos e elevando os casos de doenças respiratórias em cidades como Manaus e Porto Velho.
Marcelo da Silveira Rodrigues, secretário executivo do Observatório BR-319, reforça a necessidade de políticas públicas integradas. “A conservação da Amazônia depende do fortalecimento dos órgãos ambientais, da conscientização das comunidades locais e da implementação de medidas que garantam a sustentabilidade”, destaca.
Ele também enfatiza a importância de respeitar os direitos das populações indígenas e tradicionais, que já possuem 15 protocolos de consulta na área de influência da BR-319. “O poder público precisa criar espaços para diálogos e garantir que essas comunidades sejam ouvidas, pois são diretamente impactadas por obras como a BR-319”, conclui.
A Retrospectiva 2024 é um alerta para a sociedade e gestores públicos, destacando a urgência de ações que equilibrem desenvolvimento e conservação na Amazônia. Para mais detalhes, acesse a publicação completa no site do Observatório BR-319.