O mapeamento de florestas com IA ganhou um aliado de peso na Amazônia: o aplicativo Netflora, desenvolvido pela Embrapa, que combina drones e inteligência artificial para mapear 3.500 hectares de floresta em apenas 24 horas. Em comparação, métodos tradicionais exigem 73 dias e equipes de cinco pessoas para cobrir a mesma área. Segundo Evandro Orfanó, pesquisador da Embrapa Acre, a tecnologia reduziu 90% dos custos e aumentou a precisão de inventários florestais. Por exemplo, na Reserva do Uatumã (AM), o sistema identificou 604 castanheiras e 14 mil árvores em 1.150 hectares, integrando dados científicos a práticas extrativistas.
Além da eficácia técnica, o Netflora impacta diretamente comunidades locais. Por meio de um aplicativo, extrativistas acessam mapas georreferenciados com a localização exata de castanheiras, otimizando rotas e reduzindo o esforço físico. Conforme Kátia Emídio, coordenadora do projeto, o mapeamento de florestas com IA já catalogou 70 mil hectares e identificou espécies como breu e copaíba, ampliando oportunidades econômicas. “Com essa ferramenta, minimizamos impactos ergonômicos e atraímos jovens para o extrativismo”, ressaltou.
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Outro destaque é a integração entre tecnologia e saberes tradicionais. Enquanto algoritmos analisam imagens de drones em segundos, comunidades utilizam os dados para exploração sustentável. Para Orfanó, o sistema equilibra preservação e bioeconomia, essencial para a castanha-da-amazônia, sustento de milhares de famílias. Desde 2023, o Netflora está disponível gratuitamente no GitHub, com cursos na plataforma e-campo da Embrapa.
Por fim, a meta é expandir o banco de dados para 150 mil imagens e aplicar a IA em outros biomas. “O mapeamento de florestas com IA não é só uma inovação; é um legado para a Amazônia”, afirmou Orfanó.