Em uma entrevista exclusiva ao jornalista Dudu Monteiro, do Programa Furacão Entrevista, a Superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, Beatriz Calheiro, conta a história de Manaus, marcada por influências indígenas, europeias e ciclos econômicos como a borracha, exige técnica especializada para ser preservada. Segundo especialistas, narrativas pessoais sobre ruas e casas antigas, embora valiosas, precisam de embasamento técnico para transformar memórias em registros históricos precisos. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desempenha papel central nesse processo, atuando na proteção de sítios arqueológicos, como as urnas indígenas da Ilha de São Vicente, e de marcos como o Teatro Amazonas e o Mercado Adolfo Lisboa.
A técnica especializada também é crucial para resolver dilemas urbanos, como a tensão entre modernidade e preservação. Desde 2010, o Centro Histórico de Manaus é tombado pelo Iphan, impedindo construções que descaracterizem seu traçado original. Entretanto, projetos de retrofitting — adaptação de imóveis históricos para usos modernos, como o Cassina — mostram que é possível conciliar funcionalidade e conservação. “Preservar não é um atraso, mas uma forma de gerar economia através do turismo e da cultura”, destaca uma representante do Iphan.
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Além da arquitetura, o patrimônio cultural inclui tradições imateriais, como o Boi-Bumbá, influenciado por migrações nordestinas durante o ciclo da borracha. Essas expressões reforçam a importância da diversidade na identidade local, mas exigem políticas públicas para sua salvaguarda. Hoje, o desafio é ampliar a concepção de patrimônio, incluindo não apenas edifícios, mas também práticas ancestrais e contribuições de povos originários.
Para cidadãos interessados em restaurar imóveis históricos, o Iphan oferece orientações gratuitas, desde que as intervenções respeitem características originais. Apesar de trâmites burocráticos, a equipe do instituto busca agilizar processos, garantindo que a cidade evolua sem apagar suas raízes. “Preservar é um dever coletivo”, reforça a especialista, lembrando que danos ao patrimônio configuram crime federal, passível de penalidades.