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Educação e Resistência na Amazônia: Projetos Buscam Reconectar as Novas Gerações com suas Raízes

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A história de Neymar, marcada pela perda de seu pai e pelo deslocamento forçado, representa a realidade de muitos jovens na Amazônia, que cresceram afastados das raízes culturais e naturais da região. No caso do jogador, o impacto da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte no Rio Xingu, em Altamira (PA), foi profundo, e a desconexão com a floresta é um reflexo do processo de urbanização violenta que afetou tantas comunidades locais.

Foi a partir dessa reflexão que Daniela Silva criou, em 2019, o Projeto Aldeias. O objetivo do projeto é resgatar as conexões afetivas das crianças e adolescentes com o meio ambiente e com a cultura ribeirinha. Daniela acredita que a educação deve ir além das paredes da escola, integrando saberes tradicionais e conhecimentos ambientais para promover um futuro mais sustentável e justo para as novas gerações da Amazônia. Em suas palavras, “A gente só ama aquilo que conhece”, destacando a importância de reestabelecer os laços com a natureza e com as culturas ancestrais.

Entre as iniciativas do Projeto Aldeias, destaca-se a Escola da Rua, que promove a educação socioambiental por meio de atividades culturais, artísticas e visitas às áreas naturais da região. Além disso, o projeto também promove a participação ativa das crianças e adolescentes em discussões sobre políticas públicas e na defesa da floresta, com foco no fortalecimento das comunidades locais. Daniela, em seus versos, expressa a urgência dessa luta: “Aqui na Amazônia, a violência tem etnia, tem cor, tem gênero. Morre ‘noiz’: pretos, indígenas, seringueiros, beiradeiros. Querem nos calar, para nossas riquezas saquear. Mas nós não vamos deixar!”.

A luta pela preservação da floresta também é evidente no trabalho dos brigadistas de Alter do Chão, no Pará. Criado em 2018, o grupo busca combater incêndios florestais e promover o manejo correto do fogo. Daniel Gutierrez, um dos brigadistas, explica que, embora o trabalho seja voluntário, a brigada tem um papel crucial na conscientização das populações locais sobre como lidar com o fogo de maneira sustentável. Além disso, os brigadistas têm enfrentado resistência de setores políticos e até foram acusados injustamente de envolvimento em incêndios. Apesar disso, continuam seu trabalho com a esperança de que as políticas públicas evoluam para apoiar mais efetivamente a preservação ambiental.

Em uma abordagem semelhante, o Núcleo de Inovação e Educação para o Desenvolvimento Sustentável (Nieds), da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), realiza ações educativas voltadas para a juventude ribeirinha, como na comunidade de Tumbira, no município de Iranduba (AM). Alberta Pacheco, gestora do núcleo, coordena projetos que promovem a consciência ambiental, o desenvolvimento social e a educação voltada para a conservação da floresta. O objetivo é empoderar as crianças e jovens, preparando-os para lidar com os desafios da mudança climática e os impactos ambientais da região.

A integração de saberes tradicionais indígenas também desempenha um papel essencial na luta contra as mudanças climáticas. Maria do Carmo Barcelos, conhecida como “Maria dos Índios”, tem desenvolvido uma metodologia interdisciplinar para a educação indígena, promovendo o diálogo entre os conhecimentos ancestrais e os saberes científicos. Ao trabalhar com os Paiter Suruí em Rondônia, Maria destaca a importância de envolver as crianças na construção de soluções para os impactos das mudanças climáticas, utilizando as tradições indígenas para entender os sinais da natureza.

Esses projetos e iniciativas refletem um movimento crescente na Amazônia, onde a educação, o fortalecimento comunitário e a preservação ambiental são vitais para a resistência contra as ameaças às terras indígenas e aos povos ribeirinhos. Em um momento em que o mundo enfrenta os efeitos das mudanças climáticas, é fundamental que as novas gerações da Amazônia se conectem com sua cultura e seu território, tornando-se líderes na luta pela proteção da floresta.

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