O Ministério da Agricultura confirmou nesta sexta-feira (16/5) o primeiro surto de gripe aviária H5N1 em uma granja comercial brasileira, localizada em Montenegro (RS), após a morte de 35 aves. O vírus, classificado como influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP), já havia sido detectado em aves silvestres e de subsistência no país, mas sua presença em matrizes reprodutoras — que seguem rigorosos protocolos de biossegurança — acendeu alertas. Fernando Spilki, virologista da Universidade Feevale, destaca que o cenário é preocupante: “Países com avicultura tecnológica, como EUA, já enfrentaram surtos devastadores”.
Além disso, um segundo foco está sob investigação em um zoológico de Sapucaia do Sul (RS), onde dezenas de aves morreram. O vírus, que se espalha globalmente há duas décadas, chega ao Brasil principalmente por aves migratórias contaminadas, como explica Helena Lage Ferreira, virologista da USP: “Elas dispersam o patógeno durante rotas entre continentes”. A transmissão ocorre por água, solo ou contato direto com excrementos, mas o Ministério reforça que não há risco no consumo de carne ou ovos.
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Entretanto, a detecção impactou as exportações: a China suspendeu compras de frango brasileiro por 60 dias. Spilki ressalta que o vírus tem “virulência alarmante”, com potencial de infectar mamíferos por vias respiratórias, embora o risco para humanos seja baixo. “A infecção humana ocorre principalmente em profissionais com contato intenso”, esclarece o ministério.
Diante disso, especialistas defendem monitoramento rigoroso para evitar a disseminação. Apesar da alta mortalidade em aves, a indústria busca tranquilizar a população: “Produtos inspecionados são seguros”, afirma o governo. Enquanto o RS adota medidas de controle, o episódio expõe desafios globais para conter um patógeno que já afetou até mamíferos marinhos e visons.
