A seca histórica que atinge o estado do Amazonas tem sido marcada por impactos severos, em especial para o ecossistema, a economia e a cultura local, segundo destacado em uma carta aberta publicada pelo Coletivo do Pirarucu. De acordo com o documento, os desafios enfrentados pela população amazônica foram amplificados pela baixa nos níveis dos rios, que, pela segunda vez consecutiva, têm registrado níveis mínimos históricos.
Essa queda drástica no volume das águas afeta o transporte e abastecimento nas cidades, além de colocar em risco o manejo sustentável do pirarucu, atividade de grande importância econômica para a região.
Foi relatado que, devido à seca extrema de 2023, a pesca deixou de atingir 30% da cota autorizada pelo Ibama, resultando em um prejuízo de aproximadamente 10 milhões de reais. Também foi destacada a vulnerabilidade das comunidades indígenas e ribeirinhas, cuja ligação com os rios vai além da subsistência, constituindo-se como parte essencial de sua identidade cultural.
Diante dessa realidade, ações emergenciais têm sido solicitadas às autoridades federais para mitigar os danos. Dentre as principais reivindicações apresentadas, incluem-se a extensão do prazo de pesca do pirarucu e do aruanã até janeiro de 2025, a inclusão do manejo do pirarucu nos programas de seguro rural do Plano Safra, além de auxílio emergencial para pescadores afetados.
Ainda, é pedido que um plano de emergência climática seja elaborado em parceria com as lideranças locais para enfrentar as consequências dos eventos climáticos na Amazônia.
A carta, endereçada aos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Pesca e Aquicultura, e ao Ibama, representa uma tentativa de proteger o manejo sustentável do pirarucu e de assegurar os direitos, a cultura e a biodiversidade da região.