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Empresa de mídia decide vetar anúncios de bets em suas plataformas

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A Mude Wellness Media, empresa de mídia out-of-home (OOH) em espaços voltados à saúde e bem-estar, decidiu banir anúncios e campanhas de sites de apostas de sua plataforma. CEO da empresa, Marcus Moraes Correia fez uma publicação no LinkedIn explicando a decisão.

“A Mude Wellness Media, fiel aos seus valores e propósito de promover saúde e bem-estar, tomou a decisão de banir qualquer anúncio ou campanha de apostas (Bets) de nossa plataforma. Essa decisão, fruto de uma reflexão aprofundada e discussões internas, se tornou definitiva e oficial após a recusa de uma proposta de campanha que recebemos essa semana”, diz o texto do dia 27 de setembro. Leia a íntegra no final desta reportagem.

A Mude está presente em 15 cidades e nove estados brasileiros. A empresa tem mais de 700 espaços de atividades, 1,4 mil faces de mídia e 90 academias ao ar livre, além de um app de treinos com mais de 700 mil downloads. Tem também estações de treino, academias ao ar livre e aulas coletivas.

De acordo com o CEO, ao revisar as práticas das bets, a empresa identificou impactos significativos na saúde mental e no bem-estar financeiro de muitos usuários. “As plataformas de apostas, muitas vezes, estimulam comportamentos compulsivos, geram dependência e podem levar a problemas financeiros graves, além de afetarem o equilíbrio emocional e social de indivíduos e comunidades. Como uma marca que valoriza a responsabilidade social e o impacto positivo na sociedade, decidimos que esse tipo de conteúdo não está alinhado aos nossos valores e à nossa missão”, afirma.

bets

Impacto das bets no mercado

O Banco Central (BC) divulgou, nesta semana, que os valores brutos recebidos pelas empresas de jogos de azar e bets durante 2024 giram entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões ao mês. O cálculo é feito com base nas transferências de pessoas físicas para as companhias e conta com análises dos meses de janeiro a agosto.

A maior parte dos apostadores de bets tem entre 20 e 30 anos. Para os mais jovens, o valor apostado é de cerca de R$ 100 mensais. Já para gerações mais velhas, pode ultrapassar R$ 3 mil, conforme os dados de agosto. Apenas no mês passado, cinco milhões de pessoas de famílias cadastradas no programa Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões às bets por meio do Pix.

Evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), de 15 a 18 deste mês, também abordou o tema das bets. Ao analisar o contexto para o varejo e a indústria alimentar, ao lado de orçamentos familiares apertados por fatores como a inflação e gastos com outros produtos e serviços, apareceu o tópico “Gastos com apostas crescem exponencialmente”.

Íntegra do post do CEO da Mude no LinkedIn:

“A Mude Wellness Media fiel aos seus valores e propósito de promover saúde e bem-estar, tomou a decisão de banir qualquer anúncio ou campanha de apostas (Bets) de nossa plataforma.
Essa decisão, fruto de uma reflexão aprofundada e discussões internas, se tornou definitiva e oficial após a recusa de uma proposta de campanha que recebemos essa semana.

As apostas vêm se consolidando como um dos maiores problemas sociais do Brasil, com impactos econômicos e psicológicos devastadores. Segundo estudo da Strategy&, o gasto com apostas já representa o equivalente a 76% das despesas de “lazer e cultura” das classes D e E.
Observamos uma parcela significativa de dívidas se acumulando por meio de empréstimos para cobrir perdas em jogos de azar, são mais de 1,3 milhão de brasileiros endividados, dados do CNC.

Empresas de apostas faturaram mais de R$ 35 bilhões em 2023, impulsionadas por investimentos bilionários em publicidade massiva e patrocínios de eventos esportivos, times de futebol, influenciadores digitais e outros canais de grande alcance. Esse bombardeio de mídia criou um ciclo vicioso no qual indivíduos, muitas vezes de baixa renda, são constantemente estimulados a apostar. Dados alarmantes mostram que Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bi em bets apenas em Agosto.

O Brasil, que já enfrenta desafios financeiros e sociais relevantes, agora vê uma nova camada de complexidade com a epidemia de jogos de azar.
Embora a legalização das apostas tenha sido inicialmente vista como uma fonte de geração de empregos e arrecadação de impostos, os impactos negativos não foram corretamente calculados.

Sob o ponto de vista neurológico, a dopamina, um neurotransmissor produzido pelo corpo humano, evoluiu ao longo de milhões de anos para nos recompensar com sensações de prazer e bem-estar em atividades essenciais, como a busca por alimento, a prática de esportes e o convívio familiar. No entanto, comportamentos viciantes, como drogas, pornografia e jogos de azar, desencadeiam a produção excessiva dessa substância, levando ao vício e a consequências graves para a saúde mental e emocional.

Existem inúmeras formas saudáveis de estimular a produção de dopamina de forma equilibrada: através da prática de esportes, da música, das relações familiares, do contato com a natureza e até da meditação. Essas atividades promovem o bem-estar genuíno, sem os efeitos devastadores que estamos observando no contexto das apostas.

A construção de uma marca e de um legado está tanto nas ações que tomamos quanto nas causas que escolhemos apoiar ou rejeitar. Não poderíamos, em coerência com nosso compromisso de promover bem-estar, nos manter neutros diante do atual cenário de exploração dos jogos de apostas.

Todos podemos fazer nossa parte para reverter esse quadro. O incentivo às apostas e aos jogos de azar não faz parte da nossa visão de um futuro saudável e equilibrado para a sociedade.”

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